sábado, 25 de julho de 2009

bunderspitz

Um dia destes, há bastante tempo atrás, tempo suficiente para arrastar duplamente este post, acordei numa bela manhã de nevoeiro, calcei as botas e as calças de caminhar, peguei em lenços de papel para limpar o meu nariz recentemente constipado e juntei-me a um grupo de americanos como guia secundária.

Começámos por apanhar o teleférico até ao topo de Allmenalp, o mais íngreme da Europa. Tem uma vista impressionante e uma subida vertiginosa, mas quando chegámos ao topo já não conseguíamos ver grande coisa. Só a silhueta de um casal de lamas.

Foi pena o tempo estar tão coberto, pois a vista prometia ser nada menos do que espectacular. A vista de Allmenalp abrange todo o vale de Kandersteg e, com sorte, até Oeschinensee. Naquele dia, tudo o que conseguíamos ver era isto:

Nem o nosso objectivo conseguíamos ver até umas boas duas horas depois de começarmos a andar. Aqui estão eles, ambos cobertos pelas duas nuvens que aparecem na fotografia. No centro, o culminar da nossa subida e, do lado direito, o cume de Bunderspitz.

Lá fomos subindo: eu, uma guia americana e um grupo de adolescentes americanos que vivem numa base militar em Itália. Um deles está a aprender Português só ouvindo falar e conversando e, deixem-me que vos diga, o Português dele não é nada mau!! Olhando para trás, a vista era esta:

A subida é bastante acentuada, mas devagar se vai ao longe. À medida que o tempo vai passando, as subidas custam menos, mas ainda tenho muito que treinar. Ao chegar ao fim da subida mais íngreme, fomo-nos apercebendo da dimensão do cume de Bunderspitz. Pessoas são aqueles pontos minúsculos na imagem que mal se percebem...

E lá fizemos caminho até ao cume, onde a vista era assim:

E cá estamos nós. Que cambada!

Descemos do cume e começamos o caminho até Bunderschrinde, o portal de passagem para o Ueschinen Valley, onde finalmente iríamos almoçar.

Tivemos que atravessar uma colina cujo principal constituinte era pedra e cascalho que escorregava e mandava pedras a rebolar até ao sopé a cada passo que dávamos.

Daquele lado da montanha, as formações rochosas são muito diferentes e fazem padrões engraçados como este.

Eu sei que é uma observação geológica um bocado limitado, não faço a menor ideia como se chama este tipo de pedra e até gostava de saber, mas aquilo que eu acho mesmo interessante é a forma como aparecem padrões na natureza e como podemos apanhá-los com a máquina...

Depois de almoçarmos, fugimos à ventania e começámos a descer o Ueschinen Valley que completaria a rota circular até ao centro. Pela segunda vez durante esta caminhada, tive oportunidade de liderar o grupo. Uma experiência interessante, especialmente quando se é o primeiro a escorregar num poio de vaca e a aterrar de rabo em cima dele.

Adiante.

Cá está o lindíssimo Ueschinen Valley, onde está localizado o Upper Hut, a cabana da montanha que o centro aluga durante o Verão, como base para as nossas actividades.

A descida é longa e íngreme, ao olhar para cima vemos de onde viemos. E vemos tudo à nossa volta, tal como o vale de Gasterntal.

Descemos e descemos, até chegarmos de novo ao vale de Kandersteg e ao centro.

E aqui fica o relato de mais uma caminhada. Não a melhor para fotografias, e não tão espectacular como o Lötschenpass, mas não menos memorável. Mais uma para a conta de muitas, espero.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

update

Pois, eu sei. Não tenho dado grandes novidades, não é? Portanto, aqui vai um update rápido. Como vos disse, desde o Graduation Day, começou o Verão. Todos os dias, chegam ao centro centenas e centenas de escuteiros que querem montar campo, comer, fazer actividades. E é para os acolher que aqui estamos.

Por muito espectacular e enriquecedora que seja a experiência de viver e trabalhar aqui no centro, aquilo que nos traz aqui é precisamente isto: acolher escuteiros de todo o mundo que vêm para viver o sonho de B.-P. e fazer com que a sua estadia aqui seja nada menos do que isso - um sonho. Por isso, desde que o Verão começou e, com ele, as camionetas de escuteiros todas as manhãs, a vida aqui tem sido uma azáfama. Acordamos muito cedo, por vezes deitamo-nos tarde, trabalhamos muito.

Sem nunca deixarmos de nos divertir. E então quando aparecem pessoas que alinham em fazer torres de tabuleiros até ao tecto, trabalhar é sinónimo de diversão.
Trabalhamos muito, certo, mas também temos pausas...

... para chatear o juízo à Olave. E folgas, para passear. De há um mês para cá:

fui ao festival de jazz de Raperswil com o Zvo, e matamos saudades do Patuleia e da Sofia, e a sua filha Camila que está grande e bonita e cheia de vida. Não gostou do barulho da música no início, mas acabou a noite a dançar tanto quanto podia e tanto melhor se fosse às minhas cavalitas.
E por falar em matar saudades...

vi o céu azul, tão azul como não há em mais lado nenhum. Uma visita relâmpago a Portugal, onde matei saudades da minha casa, da sopa da minha avó, de ensaios para a missa até às tantas da manhã, dos devaneios IKEAnenses da minha mãe, de comer no veggie com a Jo, de alguns amigos e tantas outras coisas que não valorizamos por aí além quando as temos por perto. Mais importante de tudo, vi a Nina a viver o seu casamento de sonho,

e tirei poucas fotos, algumas tremidas, porque tinha mais a quem dar atenção

E depois voltei. Com a cabeça menos confusa, com algumas certezas, com algumas dúvidas, com muitos planos para quando me for embora.

E ainda no tópico da matança das saudades, numa destas folgas, dei um saltinho rápido a Genève. Numa hora percorri ruas onde andava todos os dias há alguns anos atrás

e decidi que devemos ser sempre um bocadinho mais "turistas" nas cidades onde vivemos.

Assim têm sido, mais coisa, menos coisa, os meus dias.

domingo, 19 de julho de 2009

#57
#56
#55
#54
#53

sábado, 11 de julho de 2009

graduation day

Já lá vai algum tempo que não vos conto nada sobre a minha aventura aqui em Kandersteg. Depois do êxtase do Lotschenpass, a vida aqui voltou ao normal. Ou, pelo menos, tão "normal" quanto é possível num sítio destes.

Os departamentos foram atribuídos ao STS, que no Verão se especializam, pois há muito trabalho e há que saber fazer tudo muito bem. Existem três departamentos: Chalet Services, Programme e Campsite. Depois da caminhada do Lotschenpass, se eu fosse STS, escolhia em primeiro lugar trabalhar no Programme. Já imaginaram o que seria passar o Verão inteiro a levar os hóspedes a fazer caminhadas? Espectacular.

No entanto, antes de cada um ser deslocado para o devido departamento, acontece algo de muito especial: a passagem oficial para Pinkie. E, como eu nunca fui STS, tal como a Katherine (IE), a Tine (IE) e a Adriana (RO), tive o direito de participar na cerimónia de graduação.

Sem nada sabermos, no final de um dia de trabalho, disseram-nos para prepararmos calças e botas para caminhar, e a farda. Como estava a chover muito, cometi um pequeno pecado e troquei os calções da farda pelas minhas calças de caminhar, e lá fomos montanha acima, com tudo o que era Staff. Cerca de 70 piratas a calcorrear a montanha e a pensar em comer!

Comemos a melhor fondue de queijo de todos os tempos em Waldhaus, no vale de Gasterntal (que eu já vos mostrei aqui uma vez), um restaurante que nem electricidade tem. No final, fizemos o percurso inverso até Kandersteg, em grupos de três e com uma tocha, parando em postos onde os LTS nos davam conselhos e dicas para a nossa estadia em Kandersteg. Senti-me como uma pata-tenra, a quem o irmão escuta mais velho e experiente conta truques e segredos que só aprenderei com a experiência. Gostei muito dos conselhos que nos deram, de sentir que fazemos parte de uma grande equipa que trabalha para o mesmo fim. E gostei dos abraços. Todos demos abraços e abraços são fixes.

No final do trilho, chegámos a um fogo de conselho pequeno no parque de campismo, onde ouvimos os últimos conselhos dados pelo secretário-geral do WOSM, o secretário da KISC Association e o presidente da KISC Foundation (acho que era assim, eu nunca decoro os nomes dos postos) e, por fim, do director do KISC, que nos entregou a camisola cor-de-rosa.

Fizemos uma cerimónia ao estilo de um Fogo de Conselho, em que relembrámos as razões pelas quais estamos aqui e somos voluntários, ouvimos um trecho da última carta de B.-P. aos seus escuteiros e renovámos a Promessa.

Foi assim que se instalou a magia do KISC, que a todos recomendo. E a razão pela qual não tenho fotografias para vos mostrar é que as máquinas e os telemóveis foram proibidos, e ainda bem, pois esta noite fica apenas na memória de quem a viveu.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

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