Um dia destes, há bastante tempo atrás, tempo suficiente para arrastar duplamente este post, acordei numa bela manhã de nevoeiro, calcei as botas e as calças de caminhar, peguei em lenços de papel para limpar o meu nariz recentemente constipado e juntei-me a um grupo de americanos como guia secundária.

Começámos por apanhar o teleférico até ao topo de Allmenalp, o mais íngreme da Europa. Tem uma vista impressionante e uma subida vertiginosa, mas quando chegámos ao topo já não conseguíamos ver grande coisa. Só a silhueta de um casal de lamas.

Foi pena o tempo estar tão coberto, pois a vista prometia ser nada menos do que espectacular. A vista de Allmenalp abrange todo o vale de Kandersteg e, com sorte, até Oeschinensee. Naquele dia, tudo o que conseguíamos ver era isto:

Nem o nosso objectivo conseguíamos ver até umas boas duas horas depois de começarmos a andar. Aqui estão eles, ambos cobertos pelas duas nuvens que aparecem na fotografia. No centro, o culminar da nossa subida e, do lado direito, o cume de Bunderspitz.

Lá fomos subindo: eu, uma guia americana e um grupo de adolescentes americanos que vivem numa base militar em Itália. Um deles está a aprender Português só ouvindo falar e conversando e, deixem-me que vos diga, o Português dele não é nada mau!! Olhando para trás, a vista era esta:

A subida é bastante acentuada, mas devagar se vai ao longe. À medida que o tempo vai passando, as subidas custam menos, mas ainda tenho muito que treinar. Ao chegar ao fim da subida mais íngreme, fomo-nos apercebendo da dimensão do cume de Bunderspitz. Pessoas são aqueles pontos minúsculos na imagem que mal se percebem...

E lá fizemos caminho até ao cume, onde a vista era assim:

E cá estamos nós. Que cambada!

Descemos do cume e começamos o caminho até Bunderschrinde, o portal de passagem para o Ueschinen Valley, onde finalmente iríamos almoçar.

Tivemos que atravessar uma colina cujo principal constituinte era pedra e cascalho que escorregava e mandava pedras a rebolar até ao sopé a cada passo que dávamos.

Daquele lado da montanha, as formações rochosas são muito diferentes e fazem padrões engraçados como este.

Eu sei que é uma observação geológica um bocado limitado, não faço a menor ideia como se chama este tipo de pedra e até gostava de saber, mas aquilo que eu acho mesmo interessante é a forma como aparecem padrões na natureza e como podemos apanhá-los com a máquina...

Depois de almoçarmos, fugimos à ventania e começámos a descer o Ueschinen Valley que completaria a rota circular até ao centro. Pela segunda vez durante esta caminhada, tive oportunidade de liderar o grupo. Uma experiência interessante, especialmente quando se é o primeiro a escorregar num poio de vaca e a aterrar de rabo em cima dele.

Adiante.

Cá está o lindíssimo Ueschinen Valley, onde está localizado o Upper Hut, a cabana da montanha que o centro aluga durante o Verão, como base para as nossas actividades.


A descida é longa e íngreme, ao olhar para cima vemos de onde viemos. E vemos tudo à nossa volta, tal como o vale de Gasterntal.

Descemos e descemos, até chegarmos de novo ao vale de Kandersteg e ao centro.

E aqui fica o relato de mais uma caminhada. Não a melhor para fotografias, e não tão espectacular como o Lötschenpass, mas não menos memorável. Mais uma para a conta de muitas, espero.