eu gosto é de caminhar

Um dia de folga inteirinho, com a possiblidade de dormir até não poder mais sem que ninguém me chateie e o que é que eu faço?
Levanto-me cedo para ir caminhar.
É o que dá viver nas montanhas. E é o que dá acordar demasiado cedo todos os dias. Poder dormir até às 8h30 é uma prenda. E melhor ainda se a seguir metermos o farnel na mochila, pegarmos no mapa e formos por uma montanha acima, uma qualquer, que aqui é à escolha.

Na sexta-feira, fui com a Katherine (IE) e a Tine (DK) até ao vale de Gasterntal. Uma caminhada muito ligerinha e pequena, pois a Katherine tinha que voltar para trabalhar de tarde. Ainda assim subimos um bom pedaço por um caminho entranhado no meio dos rochedos.

Olhando para trás, víamos a vila de Kandersteg enquadrada pelos rochedos.

E o KISC. Aquele edifício comprido com um sinal azul mesmo por baixo do telhado é o KanderLodge.

Mesmo encaixadas. Uma paisagem agreste, a descida rápida das águas e a nossa subida, muito mais lenta. Sem sabermos muito bem o que está à nossa frente, senão pedra, pedra e mais pedra. Sabíamos, pela descrição da caminhada, que no fim da subida, iríamos encontrar outro vale, umas centenas de metros mais acima.

Elas já conheciam. Mas eu não estava nada preparada para a paisagem que surgiu, de repente, ao chegar ao topo.

Uma pequena paragem para apreciar o cenário, andar de baloiço...

... e admirar a vida das vaquinhas que vivem no vale de Gasterntal. Eu trocava com elas. Só que depois alguém lembrou-me que elas têm que usar um sino ao pescoço, o que é capaz de ser um bocado irritante (conheço alguém que era capaz de gostar...!)

Mas não está mal, pois não?, para vida de vaca?

A Katherine é a Eco-Adventure Assistant, o que quer dizer que organiza estas actividades (eu quero o trabalho dela, quero, quero, quero - e se eu ficasse aqui mais uns meses?) É bom andar com uma Eco-Chick, que nos ensina coisas sobre as montanhas, tais como o facto de aquelas rugas curvadas (ou curvas rugosas?) na rocha se terem formado devido à colisão das placas tectónicas da África e da Europa. Assim:

E depois continuámos a caminhar pelo vale.

Noto que expressões como "cenário estonteante", "boquiabertas", "paisagem espectacular" e por aí fora começam a ser demasiado frequentes neste post. A verdade é que todas elas são um resumo meio rafeiro daquilo que se experiencia lá em cima.

Por isso gosto de tirar fotografias. E mesmo essas são apenas um incentivo para quem me puder vir visitar. É que só mesmo estando lá é que se percebe que estes são dos lugares mais bonitos que existem à face da Terra, mesmo que eu não tenha visto tanto por aí além.

Ainda há neve em muitos sítios. E glaciares permanentes. Um dia destes vou caminhar num. Deixem-me só ganhar um ritmo alpino que vocês vão ver.

No Inverno, este cenário seria branco e azul. Gostava de o ver assim. Mas também gosto de ver as cores, o verde contrastante com o azul do céu, e a agressividade da pedra a jogar com a cor dos milhares e milhares de flores selvagens.

Almoçámos num banquinho e voltámos para trás. Pelo mesmo caminho por onde viemos, mas com uma luminosidade diferente, até ao vale de Kandersteg, a nossa casa.

Uma manhã maravilhosa, a repetir. Agora só quero é caminhar mais e mais e mais. Já temos outra programada para Domingo, e envolve queijo. E durante as próximas semanas, vai ser a semana de formação do Short-Term Staff que chega na sexta-feira, o que quer dizer que há formação para guias de caminhadas e eu posso participar. E conta como trabalho. Por isso, se não der notícias durante esse tempo, é porque ando a calcorrear montanhas. Desculpem lá qualquer coisinha!