segunda-feira, 12 de outubro de 2009

descer à civilização

Sair do vale de Kandersteg e passar por cidades era, para muitos de nós, um choque. Com a pureza dos ares, a proximidade das montanhas, a simplicidade das gentes e a vista pitoresca da vila, era estranho enfrentar o movimento da cidade, o betão acumulado, o movimento dos carros, e até toda aquela variedade de pessoas que é normal encontrar nas cidades. Às vezes, parecíamos os verdadeiros bichos do mato. Por isso, a maior parte dos nossos dias de folga eram nas montanhas, a fazer caminhadas ou simplesmente a relaxar.

No entanto, houve um dia em que choveu e eu e o Zvo fizemo-nos à cidade de Thun, que fica nas redondezas e tem um castelo. Entre outras coisas, claro está.


Qual não foi a nossa surpresa quando encontrámos a cidade repleta de movimento e... de música! Estava a haver um festival de [bolas, não me consigo lembrar do nome]

um instrumento que se dá à manivela e toca um som que está codificado num sistema de roldanas

engenhocas geniais, e havia-as aos magotes pela cidade. As notas embrulhavam-se na multidão de risos, gente, carros; no movimento da cidade.

Fugidos da balbúrdia, subimos até à colina do castelo. Nele, encontrámos uma exposição sobre o quotidiano histórico de Thun: o modo de vida, o artesanato, a indústria.

Eu fiquei encantada com as casas de bonecas. Verdadeiras obras de arte, com os minuciosos detalhes na decoração e no recheio.


E como se não bastassem obras de arte, ainda apanhámos uma sessão de apresentação ou de esclarecimento sobre grafonolas antigas, numa loja cheia destas preciosidades. Não percebemos nada do que se dizia, mas não era preciso. Bastava ouvir o som que saía de cada uma delas...

E rimo-nos com os cisnes a deixarem-se levar pela corrente e a nadarem contra ela ao último momento.


Com a sensação de que um dia bem passado na cidade pode ser tão bom como um dia nas montanhas, lá voltámos para a vila mágica e mais uma semana árdua de trabalho.

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